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Dezembro, um mês de contradições

Atualizado: 3 de jan.


Chegámos a Dezembro, o mês do Natal, das férias e dos encontros com as famílias. Se para uns este é um momento de alegria e partilha, para outros trata-se de uma época que traz consigo alguma (ou bastante) tensão e apenas se deseja que esta época termine.


E tu? Como sentes esta época do ano? O que gostarias de esquecer ou recordar?


O que vais nutrir neste mês festivo?


Gravados na minha mente estão os encontros familiares, as partilhas e os abraços. Nunca esquecerei os dias em que todos os meus familiares ainda estavam presentes à volta da mesa de Natal. Desde a infância, onde uma vida inteira se desenrolou, fui ouvindo histórias antigas sonhando como teria acontecido, tentando transformar as descrições de épocas em cheiros, sabores e emoções. Existia uma ligação que misericordiosamente dava sentido a esses longos dias de encontros familiares que, enquanto se renovavam as nossas ligações, não se antecipava que alguns desses membros da família poderiam não estar presentes no ano seguinte.


Estes encontros íntimos da infância, nos quais muitos de nós encontramos consolo ou por contrário nos causam ansiedade, servem de base para que esta época se viva com alegria ou com anestesia.





Para além dos encontros familiares, existe a pressão das compras e do consumo. Se esta época é para apelar à bondade, porque é que vivemos o consumo desenfreado? A obrigação de dar o presente? Porque não apreciar as nossas pessoas com um abraço, com um sorriso, ouvir o outro? Pergunto-me se tudo isto nos está a arrastar para uma mudança urgente na direção da clareza - algo que sugere intensamente a necessidade de cultivar a bondade, generosidade e compreensão.

E se este momento, que nos convida a uma maior reflexão, pudesse ter o efeito duradouro de no mudar para uma melhor versão?

Será que, como a história parece nos ensinar, estamos numa era em que uma nova linguagem é necessária para nos ligarmos a uma nova inteligência que nos mantenha conscientes das distorções e divisões? Com uma nova compreensão de como podemos organizar e reconstruir a nossa bondade coletiva? O que seria preciso para isso acontecer? Talvez um Desastre, que nos acordasse para o importante?

Etimologicamente a palavra desastre vem do grego e significa “má estrela”. Estamos efetivamente à procura de uma estrela, ansiando por direção e visão claras. Sabemos que a destruição do antigo é uma pré-condição para qualquer cura. Talvez seja a simbologia da Estrela de Belém, como símbolo que representa o nascimento de algo novo após a destruição do velho.




Assim, se quisermos cultivar a mudança para uma cultura de verdadeiro respeito, devemos começar pelos detalhes mais pessoais e íntimos: o estudo de si mesmo – a meditação e a contemplação. É quando temos a tarefa de criar um senso de solidariedade interior, que toda a bravura se manifesta, o tipo de coragem que produz a escuta paciente de que precisamos desesperadamente AGORA.

No momento em que começamos a aprofundar as primeiras tomadas de consciência, surgem